Um amor impossível - Cap. 1

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Dia 07 de setembro de 2012

Observei cada detalhe de sua roupa quando o vi sair de casa. Usava um casaco até a altura dos joelhos, vestia uma calça jeans com rasgos no joelhos. Permanecia com óculos escuros em seu rosto. Jogava o cabelo para os lados toda vez que apareciam atrapalhando sua visão. Eu simplesmente não consigo esquecer de te olhar todos os dias Byun BaekHyun.

Fechei meu caderno de anotações e fiquei encarando o teto totalmente branco. Um sorriso se fez presente em meus lábios, me fazendo corar de vergonha por algum motivo. Byun BaekHyun é o meu tio e eu simplesmente gosto dele. Não, não, para ser mais sincero. Eu amo ele. Toda a manhã exatamente as 05h00 em ponto, eu me levanto e fico o olhando da janela da sala. Ele mora na casa enorme à minha frente. É solteiro, um solitário assim como eu. Ele só sai para trabalhar e, às vezes, ir ao mercado ou sair com amigos. Como eu sei disso? Eu sou meio que um stalker e a minha mãe também vive falando dele, o que me faz ficar cada dia mais apaixonado por ele.

 - CHANYEOL,  APRESSE-SE QUE SEU PAI IRÁ TE LEVAR HOJE!  - Gritou minha mãe, provavelmente estava acordando agora.

- EU JÁ VOU DESCER! – Gritei quase sem ânimo, levantei e caminhei sorrateiramente até o banheiro do meu quarto, adentrei-o e fiquei analisando minhas olheiras pelo espelho – Eu pareço um velho...

Fiz as minhas higienes necessárias e saí do meu quarto com uma roupa diferente e a mochila nas costas. Passei pela minha mãe e apenas peguei uma banana que estava solitária na fruteira em cima da mesa. Sai da casa e avistei meu pai dentro de sua Mercedes, que minha falecida avó deixou de herança junta à casa que moramos e a liderança da empresa de cosméticos dela. Para ser franco, minha mãe e meu pai sempre foram sustentados pela minha avó e quando ela estava a ponto de morrer eles só ficaram pensando “Quem vai nós sustentar agora?”. Eles são dois vagabundos assim como eu e minha irmã.  

 – Bom dia, filhão! – Falou meu pai com um pequeno sorriso quando adentrei o carro – Primeiro dia de aula, hein? Vai encontrar meninas novas, quero ver as namoradinhas, hein, garotão?

Forcei o riso junto a ele logo revirando os olhos. Todos na escola têm vergonha de andar comigo porque eu sou estranho. No verão, uso roupas compridas e no inverno roupas curtas. Consigo decorar coisas desinteressantes muito rápido, não falo muito com as pessoas, prefiro Nescau quente “do que” gelado, prefiro ver o  sol a perder o dia mexendo no celular ou vendo algum programa da televisão. Eu sei que isso são poucas coisas, mas as pessoas me consideram estranho por isso, exceto meus amigos Jongin, Junmyeon e KyungSoo. 

De todos eles, Junmyeon é com quem mais tenho intimidade e posso contar a qualquer hora. Ele é um palhaço, mas também demonstra ser sério e frio algumas vezes. Porém, quem sempre é um bom conselheiro é o Kyungsoo. Ele  simplesmente fala tudo que pensa das pessoas e se não gostar dela, faz de tudo para destruí-la. Jongin já é ao contrario dos dois. Ele é calmo, simpático, ruim em quase tudo que faz, se arrepende muito rápido de suas ações, exceto uma que eu sei que ele nunca se arrependerá: amar o Kyungsoo.
- Bons estudos.  – Ouvi sua voz assim que saí do carro e fui caminhando devagar até a entrada da escola sem o responder. Logo, ouvi o carro dando partida.

 - VOCÊ SABE QUANTOS MINUTOS FALTAM, SUA ANTA VELHA? – Ouvi a voz do Junmyeon e me virei para trás encarando-o – FALA COMIGO, GIRAFA! – Continua gritando comigo.

- Não grita, pôw! Você tá chamando muito a atenção – Respondi tentando esconder o meu rosto.

- Desculpa aê. Senhor, Não me faça passar vergonha – Levantou as mãos e logo abaixou-as colocando uma em cima  do meu ombro esquerdo  – Como  tá indo com o Baekzinho?

- Aigoo! – Retiro sua mão do meu ombro – Não interessa como eu e ele estamos.

- Parece que ainda não se declarou, hein, gato? – Cutucou a minha barriga com um fino sorriso nos seus lábios – Sua mãe sabe pelo menos que você quer dar uns pega no teu tio?

- Quer mesmo que eu responda? —  Perguntei lhe encarando

- Você já tá há mais de um ano olhando o seu tio. Fala logo que quer dá pra ele e PAH!, se casam, vivem felizes para sempre e eu vivo na solidão segurando vela para sempre e indo pra balada rebolar até o chão ao som de MOMMAE do meu mozão Jay Parkzão — Falou ele me olhando.

- Meu Deus, Junmyeon... Você não tá bem hoje, né, gato?

- Fala de uma vez que eu tô bem viado hoje. —  Levantou os braços novamente e começou a dançar até o chão na frente dos outros — EU SOU ALEGRE/SOU A ALEGRIA EM PESSOA/EU SOU... UM UNICÓRNIO — Saiu pulando pelos corredores da escola enquanto eu fiquei abandonado ali atrás.

- Jesus, tenha dó dessa alma! — Comecei a andar e logo senti alguém tocando em meu ombro. Me assusto de primeira e me viro encarando-o Que susto, man...! Meu c* chegou a trancar.

- Aigoo ChanYeol, desculpa — Acaricia meus cabelos e se afasta um pouco Você viu o garoto novo?

- Como ele tá vestido? Eu, até agora, não vi ninguém diferente além do Junmyeon que é anormal mesmo Suspirei e comecei a andar até meu armário  Sinto que este ano vai ser uma merda igual o ano passado.

- Ele é muito bonito, Channie. Ele é alto. Acho que é da sua altura. Branco até demais. O rosto dele é muito lindo, você tem que ver, man — Falou Ele olhando a parede com azulejos brancos.

- Jongin, cheirou muito pó de giz? Se o Kyungsoo ouvir você falando desse moleque aê, ele corta sua cabeça fora. Parsan, fecha a boca que é melhor  Coloquei meu código no cadeado para abrir e deixei meus livros e cadernos dentro do armário.

- Aigoo, ele tá ocupado demais com os amigos novos dele e com a dança... Nem vai mais à minha casa — Fez um bico meio fofinho e foi até seu armário que era um pouco distante do meu. 

- Mas vocês são um casal... Por que não dançam juntos? Tipo: vá que vocês gostem disso e pah! Isso pode melhorar o relacionamento de vocês, Jongin  — Falei encarando-o enquanto tacava o resto dos livros ali dentro do armário de qualquer jeito. 

- Suspirou fundo e alto Tudo bem! Acho que pode ser um passatempo de casal também, não acha?

- Mas é claro! Assim os dois se conhecem mais ainda e talvez no futuro estejam entrando numa igreja juntos.
- Comecei a rir do meu pensamento tolo e logo ouvi a risada do Jongin também.

- Meu Deus, Channie! Agora tenho que ir. Minha primeira aula é com a loira gostosa que vive com aqueles decotes lindos — Falou pegando seu livro e um caderno e saindo correndo


- Você tem demência, Parsan? —  Perguntei assim que ele saiu conseguindo ouvir sua risada cheia de simpatia de longe. Suspirei novamente de maneira pesada e me afastei do meu armário levando meu caderno de anotações junto a mim.

Adentrei à sala em que eu teria aula e já avistei o KyungSoo conversando com o Junmyeon. Me sentei em uma carteira solitária no fundo da sala conseguindo ouvir toda a conversa do Junmyeon com o KyungSoo. Na verdade, não eram os únicos que conversavam naquele espaço. BamBam e YuGyeom corriam igual loucos atrás do SeungRi. Acho que o SeungRi pegou novamente o lápis rosa do YuGyeom e o Bambam está ajudando ele a pegar o lápis. É uma loucura isso. HyunA gritava com seu namorado JungKook por ele dar mais atenção ao seu irmão, Yoongi, do que para ela. Minseok gritava com NamJoon por ele ter dado um tapa na cabeça do JongDae.  

- CADA UM EM SEU LUGAR ANTES QUE EU MANDE TODOS PARA A DIRETORIA!  Gritou o professor assim que entrou na sala. — CHANYEOL, VENHA PARA FRENTE. VOCÊ NÃO É BURRO PARA ESTAR AÍ ATRÁS! JUNMYEON E KYUNGSOO, CALEM  A BOCA! HYUNA, RESOLVA SEU RELACIONAMENTO OUTRA HORA! BAMBAM E YUGYEOM, SENTEM-SE EM SEUS LUGARES... XAROLHO!

Foi quando o silêncio, que parecia impossível, se fez presente e todos o obedeceram, inclusive eu,  que me sentei só a uma carteira à frente da minha, continuando a ser o último.

- Temos carne nova hoje: um professor de filosofia  — Disse o professor Choi SeungHyun enquanto tirava seus materiais da bolsa que carregava antes nas mãos.

- É mesmo? Ele é bonito? Solteiro? Tem filhos? Qual a idade?  — Perguntou HyunA tentando deixar o JungKook com ciúme – que foi o que aconteceu.

- Se for pra você ficar interessada em um professor de merda como esse que vai vir, vamos terminar  — Ele falou baixo, mas foi muito bem ouvido pelos outros da sala, já que havia um silêncio.

- JungKook e HyunA fora da sala  — Falou o professor e os dois fizeram isso  —  E é por este motivo que eu não gosto de mulheres  — Reclamou baixo o suficiente para todos ouvirem e rirem.


A aula terminou e quase tudo foi resolvido. HyunA e JungKook já estavam de pazes e não terminaram o relacionamento. Grande merda, eles juntos ou separados! A próxima aula seria com o novo professor de filosofia e como sempre, eu não me interesso por isso. O sinal bateu pela segunda vez, nos indicando que teria reunião no pátio na hora do recreio. Anotei isso em minha mente e olhei para a porta assim que ouvi uma voz reconhecida, a voz de Byun BaekHyun.

- Olá! Sou Byun BaekHyun. Serei o novo professor de filosofia de vocês. — Falou se curvando de maneira educada com um sorriso simples formado em seu lábio.

Meu coração começou a bater mais rápido. Senti um arrepio forte na espinha da coluna e um frio na barriga. Achava que meu coração sairia pela boca. Não acreditava que ele iria ser professor logo na escola que eu frequento. Será que vou conseguir me aguentar quando lhe ver todos os dias tomando um café bem em minha frente e sempre falar: Bom dia, classe? Talvez sim, talvez não! Realmente... NÃO SEI!



Suellen R. Pereira
8º Ano, Turma 82 - PENOA 

E.E.B. Prof. Alexandre Sérgio Godinho. 




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Sobre Prof. Reginaldo Amorim

Professor de Língua Portuguesa e Literatura da Escola Emérita Duarte - Cívico-Militar. Mestre e doutorando em Linguística pela UFSC.
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