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Fonte da imagem: https://i.ytimg.com |
Olhei em volta da sala e todos estavam quietos
fazendo a lição que o professor BaekHyun deu, exceto Junmyeon. Isso não é novidade,
mas ao mesmo tempo é. Ele me olhava com os olhos arregalados e eu conseguia
perceber que o mesmo estava surtando por dentro. Assim como eu, ele estava
louco. Parecia que estava querendo gritar "BAEKHYUN, CHANYEOL GOSTA DE
VOCÊ!". Eu sei que ele quer fazer isso, mas também sei que ele não quer.
Realmente, não sei de mais nada também. Acho que iriei ficar sentado na minha
cadeira pensando em como me suicidar sem Deus me castigar.
Dei uma última olhada para Byun BaekHyun na
esperança de vê-lo corrigindo alguns trabalhos, folheando um livro, mas não.
Ele me encarava com um sorriso nos lábios, usava seus óculos de grau, como de
costume. Ele notou que eu o encarava e então abaixou a cabeça começando a fazer
algo num livro em cima de sua mesa. Consegui ver suas bochechas um pouco
rosadas. Provavelmente, estava corado. Soltei um riso fraco e voltei minha
atenção ao Junmyeon.
– Por
que ele está aqui, m.? Por que não me contou? Park ChanYeol, eu irei te
assassinar – Junmyeon falava baixo, quase
sussurrando, mas ainda parecia bem ouvida pelos outros, pelo fato do JungKook
estar nos observando com aquele seu olhar de desentendido.
Suspirei fundo e levantei a mão – Professor,
Junmyeon não está se sentindo bem, posso leva-lo para a enfermaria? – Assim que terminei a frase, que foi totalmente
inventada, olhei para Junmyeon, que logo entrou no teatro.
–
Ah, sim! Estou com muita dor de barriga. Sinto que irei soltar um rojão a
qualquer momento – Falou Junmyeon fazendo uma simples atuação teatral e
acariciando sua barriga – Acho que tô
grávido de quádruplos.
Escutei uma risada baixa e graciosa de BaekHyun e
depois ele respondeu:
–
Leve ele lá ChanYeol. Só que se alguém vir vocês andando pelo
corredor, digam que se perderam. Okay?
–
Eles já são espertos, vivem indo pra p. m. e pqp, professor – SeungRi falou enquanto esticava seus braços para
cima segurando o bocejo.
–
Olhe bem o que fala, Senhor SeungHyun –
BaekHyun falou e logo eu e Junmyeon já estávamos do lado de fora.
Estava indo até o banheiro para conversar com
Junmyeon sobre BaekHyun quando, de repente, alguém me puxa pelo braço me
fazendo parar de andar.
–
O que esta acontecendo nessa droga? –
Kyungsoo estava com a cara mais furiosa que o normal. Mantinha os olhos somente
focados em mim e não sorria, apenas me olhava esperando que eu o respondesse – Então, vai me falar ou não, ChanYeol?
Junmyeon se distanciou um pouco deixando que eu e
Kyungsoo ficássemos a sós.
–
Err... Como eu posso dizer isto... Err... – Comecei
a coçar minha nuca, tentando disfarçar o certo constrangimento que comecei a
sentir.
– Channie,
eu sei que você é gay.
Senti-me um pouco surpreendido, não esperava sobre
isto. O único que sabia sobre meus assuntos "pessoais" era o Junmyeon
e mais ninguém.
Meus pais vivem falando que ser gay é pecado, mas
pecado de verdade é a pessoa mentir, correto? Em minha mente eu considero isto
como um sim. Meus pais vivem mentindo, falando coisas sem sentido. Por exemplo,
viviam falando que tinham todo o dinheiro do mundo mas nunca tinham nada.
Falavam que tinham que trabalhar todos os dias, manhãs, tardes, noites, mas
eles apenas ficavam fumando do outro lado da rua. Eu sei disso, que é uma
mentira mais dolorosa que a outra.
–
Está tão na cara? – Perguntei sorrindo
fraco, tentando esconder a "vergonha".
–
Já sabe que eu sei de tudo e também Junmyeon me contou quando estava bebendo
com o Jongin lá em casa, na semana passada – Suspirou
– Ele me contou que você está afim do seu
tio. Na minha opinião, se declare logo antes que ele se apaixone por uma
garota. Fale antes de se arrepender.
–
Obrigado pela sua ajuda, Kyungsoo, mas... Eu não sei como fazer isto.
–
Diga o que você gostaria de ouvir dele. Agora tenho que ir. Falei pro professor
que eu ia tomar água. – Acenou para mim e
voltou com passos rápidos e largos para a sala.
Junmyeon então voltou com um pedaço de pão na boca,
provavelmente, tinha aproveitado e passado na cantina.
–
Conversa longa, hein? Agora me conta sobre isso aê, parça. Quero saber de tudo.
–
Vai com calma, Junmyeon.
–
Você sabia que ele era professor de filosofia e nunca me contou?
–
Nem eu sabia, estou mais surpreso que você –
Suspiro fundo – Isso é tão chocante...
–
ChanYeol, por que não tenta uma amizade com ele? Você nem sai de casa também.
Eu sei que sou ruim pra dar conselhos, mas... Tenta fazer amizade com ele. Vá
que ele se apaixone por você.
–
Isso é uma ótima ideia, mas não sei como irei chegar nele e falar "Oi
gatão, vambora se apaixonar?" – Solto
um riso baixo e suspirou erguendo a cabeça –
Vamos voltar para a aula. Talvez lá, a gente ganhe mais.
–
Concordo concordadíssimo com você, vagabundo.
–
Oxe! Tá com bicho onde, pra me chamar de vagabundo? Logo eu, o cara que te deu
um álbum da Lady GaGa no dia das crianças?
–
Te amo, hein, gostoso!
Ambos de nós rimos e caminhamos em direção à sala
de aula novamente. Pelo que me lembrava ainda teria a merda de uma reunião
antes do "recreio". Provavelmente, os diretores irão falar sobre a
entrada do BaekHyun na escola para substituir o antigo que acabou estuprando
uma aluna. Na verdade, não foi estupro, mas eles estavam namorando e depois de
um tempo se separam. O homem ficou bravo e a estuprou. Triste história, porém,
a realidade, nada é como contos de fadas.
Parei na frente da porta que dividia o corredor da
sala de aula. Bati três vezes na madeira com a mão fechada e logo ouvi a doce
voz do BaekHyun dizer: 'Pode entrar'. Puxei Jumnyeon pela mão e entramos na
sala novamente. Ambos sentamos em nossos lugares. BaekHyun havia passado
algumas tarefas para fazer novamente, mas eu apenas ignorei e fiquei escrevendo
algumas frases em meu caderninho da sofrência ambulante.
Como eu havia citado momentos atrás, foi anunciado
que teríamos uma “reunião” no horário do lanche. Badalou o sinal e a aula de
filosofia já havia acabado. Despedi-me de BaekHyun com um grande e firme
sorriso no rosto. Logo em seguida, teria química. Lee Chaerin, nossa
professora, iria dar a aula. Depois, Lee TaeYong iria dar aula de ciências. Após
todas essas aulas, seria nosso “recreio”. Finalmente!
Passaram voando todas as aulas e pude me levantar
da cadeira e sair da sala de aula com Jumnyeon assim que bateu o sinal desejado
por mim. Caminhamos para fora da sala quietos apesar e tudo, uma multidão
passou por nós sussurrando sobre BaekHyun, coisas do tipo: “Ele era casado
antes só que acabou traindo a mulher” , “Ele é totalmente sério e é amigo
daquele antigo professor”. Boatos são apenas boatos que não merecem ser
alimentados. Caminhei atrás da multidão que ia em direção ao pátio principal.
Olhei para trás e vi que a maioria da turma também estava indo no mesmo
caminho. Novamente, consegui visualizar o professor Choi SeungHyun secando Kwon
Jiyong. Sempre senti um ar de pegação vindo daqueles dois.
–
Hey, ChanYeol! – SeungRi gritou me chamando e chegou logo por trás agarrando a
minha cintura – Eu ouvi boatos de que o novo professor é seu parente. É
verdade, "migão"?
–
Se for verdade ou não, você não tem nada a ver com isto. Cuide da sua vida e pare
de ser uma Sandara da vida – Kyungsoo se aproximou de mãos dadas com Jongin
falando por cima de minha fala que ainda estava em processo.
–
Calma, pinguim. Eu perguntei para o grandão, não para você – Ele percebeu a
presença de algumas garotas da outra turma e se afastou.
–
Será que estou vivendo ou apenas existindo? – Jumnyeon falou enquanto olhava
para o céu azulado e mantendo em seu rosto um sorriso bobo.
–
Às vezes, nessa vida, eu me pergunto que tipo de maconha o Jumnyeon fuma para
ser tão brisado assim.
–
Ele fuma oxigênio – Falei totalmente calmo ficando de costas para eles.
– Fica
de costas pros teus amigos não, hétero – Kyungsoo falou fazendo um bico
extremamente fofo como de costume.
Virei-me novamente para trás e percebi que SeungRi
não estava mais com a gente e, sim, agarrando algumas garotas que sorriam com
os toques dele. Voltei para frente me desconcentrando de tudo e percebendo que
BaekHyun estava presente lá. Ele estava somente a alguns metros de mim. Meu
coração começou a bater mais forte, minha garganta ficando extremamente seca e
minhas mãos trêmulas. Por que ele é tão lindo? Por que ele é tão...Tão ele
mesmo? BaekHyun continuava com a mesma roupa de antes, ainda mantendo os óculos
em frente aos seus olhos. Extremamente sexy é o que eu posso falar quando
nossos olhares se encontravam. Mordia meu lábio imaginando coisas inapropriadas
com ele. Senti alguém tocando meu ombro e em seguida uma voz calma e doce. Era
Jongin.
– Tá
tudo joia, fera?
–
Hã? Claro, chefia!
Jongin balançou a cabeça concordando e voltou a
abraçar seu namorado. Em seguida, a diretora começou a falar e eu não prestei a
atenção novamente em nada, sabe por quê? Estava ocupado olhando meu querido tio
e futuro namorado ou talvez marido. Prestei atenção de verdade quando foi
a hora dele pegar o microfone e dizer as suas palavras, dizer seu discurso de
honra por estar em um colégio como este. O microfone foi passado novamente para
a diretora e ela deu seu último recado, o que deixou muitas pessoas felizes,
exceto eu. Em seguida, quando o sinal batesse novamente, era para irmos pegar
nossas coisas e sair da escola. Motivo: os professores que dariam o restante
das aulas não estavam presentes.
Quando tudo acabou de vez e o sinal bateu, BaekHyun
saiu correndo igual a uma criança até mim e me abraçou pela cintura, fazendo
Jumnyeon começar a rir de nervoso perto de mim. Jongin tossir rapidamente se
engasgando com a saliva e Kyungsoo arregala os olhos logo, indo ajudar
seu namorado. Abaixei meu olhar e foquei no couro cabeludo do Baekhyun
apertando suavemente suas costas com medo de o machucar.
Incrível como eu fico totalmente
"passivo" ao lado dele. Incrível como o mundo parece ser calmo quando
BaekHyun estar por perto. Incrível como... como eu amo este homem!
﹝•••﹞
Nesse exato minuto, já estava dentro do carro
do meu pai escutando o mais velho comentar sobre sua primeira vez.
Por incrível que pareça, eu não chamo muito a atenção de mulheres, nem
homens, na verdade. Porém, isso não me preocupa nem um pouco, eu não me
importo. Estava tão perdido nos meus pensamentos que apenas ouvi um grito do
meu pai ecoar pelo carro.
–
EI, SEU M., ME RESPONDA QUANDO EU FALAR COM VOCÊ
DA PRÓXIMA VEZ! – Novamente, ele mostrou como verdadeiramente é,
como ele é sem sua máscara. – Que m., ChanYeol! É toda vez
quando alguém esta conversando com você. Parece até que você vive no mundo da lua.
–
Desculpe por não prestar atenção, eu estava era pensando no BaekHyun.
Sabia que ele se tornou meu professor de filosofia?
–
Ah, o BaekHyun... Depois do que aconteceu com o pai dele ele mudou bastante,
né?
–
Sim, ele se tornou uma pessoa mais forte depois de todo o desastre vindo
contra ele.
O pai do BaekHyun, há mais ou menos cinco anos,
sofreu um acidente gravíssimo de carro por beber enquanto dirigia.
Isso fez com que ele se tornasse uma pessoa mais forte. Afinal, sua mãe já
estava doente e sempre tinha que cuidar dela sem ajuda nenhuma de seu pai. Mas
nós todos sabíamos bem que BaekHyun não tinha ódio de ter aquele pai bêbado,
hipócrita, machista, ou seja, um pai igual o meu. Ele sempre morou na casa em
frente à minha. Poderíamos muito bem ter dado carona para ele hoje, mas não o
encontrei depois da reunião.
Assim que meu pai estacionou o carro, praticamente
em cima da calçada, eu pude sair batendo forte a porta do automóvel. Adentrei à
casa sem falar nada para minha mãe, que me mandou um alto "Boa
tarde". Fui caminhando com a mochila nas costas sem
nenhuma preocupação até meu quarto. Chegando lá,fiz questão de jogar minha
mochila em um canto qualquer do quarto e então pude me deitar na cama e fechar
meus olhos, conseguindo ouvir a porta batendo. Ao fechar meus olhos, ouvi
mentalmente uma canção que sempre gostava de curtir quando eu era mais jovem,
"Bohemian Rhapsody" da banda Queen.
Na minha interpretação, essa música é sobre ser gay. Primeira parte:
O cantor
matou um homem, que na verdade é ele mesmo. Ele "morreu" para a sociedade que o vê como uma aberração
e diz, entre outras coisas, que "preferia nunca ter nascido" e se despede: "Adeus a todos, eu preciso ir."
Na segunda parte, que é
da "ópera": Deus ("Bismillah") e o Diabo ("Belzebu") brigando pela alma dele e julgando seu pecado. As várias vozes são como as almas tentando defendê-lo e acusá-lo:
"Poupe a sua vida dessa monstruosidade". Na
parte do "rock", o cantor
decide que não vai mais tolerar ser julgado e acusado pelos outros e vai viver sua vida nos seus termos.
Para mim, a parte da ópera e a do
ock são como um delírio. Quando a música volta a ficar lenta, esse
delírio termina e o artista
se lembra que não há nada a fazer e que ele vai ter que viver encarando o julgamento dos outros.
Mesmo assim, não irá se deixar abater:
"Nada mais importa, de qualquer forma o vento sopra".
Minutos depois, eu já não estava mais acordado. A essa
altura, eu já sonhando com um fantástico casamento entre eu
e BaekHyun. Tudo parecia bem e bom até eu ser acordado com gritos junto a barulhos de objetos sendo
quebrados. Levantei totalmente apressado e com certo medo.
Já deveria ter passado da
meia-noite nesse exato momento. Odeio ser acordado,
porque depois não consigo voltar a dormir. Fui
descendo praticamente pulando os degraus, segurando o corrimão para não acabar caindo. Chegando
ao lugar de onde vinha o barulho,
vi minha mãe e meu pai brigando por algo. Notei que meu pai iria bater nela
e corri até eles para impedi-lo. Segurei a cintura
dele
de uma maneira um pouco forte e o puxei-lhe
para ter certeza de que não iria "escapar".
De repente,
ouvi o som da porta de entrada se abrir em meio
a todo aquele barulho. "Só o que me faltava um assaltante nesse exato momento",
pensei. Uma voz foi sendo ecoada pela casa junto aos gritos dos meus pais. Era o BaekHyun quem entrou e agora olhava tudo aquilo com ar
de preocupado.
– SEU M.! EU E ELE SOMOS SUA FAMÍLIA!
– Minha
mãe gritava enquanto chorava e se decaia para o chão. Ela estava sofrendo.
– EU SOU O M.? EU TIVE QUE ATURAR TUDO ISSO QUE VOCÊ FEZ PARA PARECERMOS
UMA FAMÍLIA FELIZ! EU NEM SEI O MOTIVO DE AINDA ESTAR CASADO COM VOCÊ TAMBÉM! – Ele se debatia
enquanto gritava, chegava até a tentar me dar cabeçadas.
– NÃO TEM MOTIVOS? CHANYEOL É NOSSO FILHO!
É NOSSO FILHO E VOCÊ VIVE TRATANDO ELE COMO UM NADA! POR QUE NADA PARA VOCÊ É FÁCIL?
– OLHA SÓ O QUE VOCÊ ESTÁ
FAZENDO NOVAMENTE! VOCÊ NEM MENCIONA NOSSA FILHA NESSA
FAMÍLIA DE B.!
VOCÊ SÓ MENCIONA O CHANYEOL QUE NEM MEU FILHO É!
Suellen da R. Pereira
8º Ano - PENOA
E.E.B. Prof. Alexandre Sérgio Godinho
Suellen da R. Pereira
8º Ano - PENOA
E.E.B. Prof. Alexandre Sérgio Godinho
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