Conflitos de uma adolescente

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Alguns anos atrás, sofri bullying e, obviamente, não gosto muito de falar sobre isso. Na época, eu tinha apenas quinze anos de idade e estava no 1° ano do ensino médio. Tudo começou no meu primeiro dia. Estava na minha primeira aula, quando percebi que um grupinho de garotas estava olhando para mim de uma forma sarcástica e falando baixo entre si.
                                                              
Não sei se era por causa da maneira de me vestir ou do meu cabelo, que realmente era bem louco, mas eu gostava. Afinal, ele era preto com mechas verdes. Estas são minhas cores favoritas. No final daquele mesmo dia, estava voltando para casa e vi meu pai, que era professor daquela escola, com uma das garotas que estava no meio daquele grupo de meninas. Fiquei muito espantada porque eu sabia que ele traía minha mãe, mas não com uma garota da minha idade que até poderia ser filha dele. Naquele momento, fiquei parada com a minha bicicleta, porque não sabia se falava alguma coisa ou iria embora dali.

Simplesmente não aguentei ficar olhando aquela cena e montei na minha bicicleta e sai o mais rápido possível. Cheguei em casa, minha mãe estava a fazer o jantar. Fui rapidamente para o meu quarto, deitei sobre minha cama e comecei a chorar.

Pouco tempo depois, minha mãe me chama para o jantar. Todos estavam sentados à mesa sem falar uma palavra. Minha casa, nesse momento, estava uma bagunça só. Meus pais estavam a brigar e meu irmão estava mexendo no celular escutando música com o som estrondoso. Tudo o que eu conseguia fazer era ficar quieta sem falar nada. Algum tempo foi assim em todas as refeições.

Então, fui para o meu quarto, deitei na minha cama para tentar dormir um pouco, pois teria aula amanhã cedo. Porém, não consegui. Pois, eu não conseguia tirar da minha cabeça a imagem do meu pai com aquela garota.  E nem das meninas que haviam cochichado sobre mim.

Como eu não conseguia dormir, desci até a cozinha para tomar um copo de água. Chegando lá, abri a geladeira e vi algumas cervejas que, com certeza, eram da minha mãe. Afinal, ela era uma alcoólatra. Quando terminei de beber um copo cheinho de água fui para meu quarto. Eu estava subindo as escadas quando escutei meus pais discutindo na sala, o que foi horrível, pois minha mãe não parava de tacar garrafas de cerveja na porta. Mas, continuei subindo as escadas, porque naquele momento não queria escutar mais nada.

Pouco tempo depois, escuto uma buzina. Eram alguns colegas do meu irmão que vieram buscar ele para uma festa. Quando viram um carro se aproximar com o giroflex ligado, arrancaram rapidamente. O carro era da polícia que estavam fazendo ronda pelo bairro onde morávamos.

No dia seguinte, levantei exatamente às seis horas da manhã para tomar um banho e ir para a escola. Pensei que tudo seria melhor no segundo dia de aula. Até passei um brilho labial para me sentir mais como as outras garotas da minha idade. Sei que eu não queria ser igual a elas, mas também não queria ser a “DIFERENTONA” como dizem. O meu dia foi exatamente como os outros: simplesmente um tédio e nada havia mudado. As garotas continuavam a falar de mim e meu pai traindo minha mãe.

Grazielly de Oliveira Domingos
Kellen Rose Brandão Sátiro
7º Ano, Turma 73 – PENOA


Escola Eloíza Maria Prazeres de Faria
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Sobre Prof. Reginaldo Amorim

Professor de Língua Portuguesa e Literatura da Escola Emérita Duarte - Cívico-Militar. Mestre e doutorando em Linguística pela UFSC.
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